2.
Caruanã – o Líder dos Dole-Mundii e o
Amuleto do Ancianato
Caruanã
havia tomado o poder recentemente. Havia sido escolhido por
seu pai para dominar, mas entre os doles nem sempre o pai
escolhe o filho como líder. Caruanã, diferente
de seu pai, era um homem curioso e com sede de poder. Inteirou-se
dos pormenores dos mundii e daquilo que chamam de amuleto
do ancianato. Assim como seu pai e seu avô, concordou
que uma comitiva iria investigar todos os anos se o amuleto
continuava em poder dos maztenas, e comandaria uma ofensiva
para vingar o roubo, caso o amuleto fosse perdido. Era sábio
agradar aos mundii nesse respeito, pois apesar de sentir desprezo
por eles, Caruanã sabia que eram numerosos, e uma rebelião
poderia ser difícil de sufocar. Ao averiguar os assuntos,
enquanto ainda vivia seu pai, Caruanã entrou com tans
no templo que há uns 100 anos (ou ciclos) antes os
maztenas invadiram para se protegerem.
(Tans – Classe servil que atendia aos Onaraitans, os
sacerdotes de Onarai.)
Ao interrogar sobre o amuleto do ancianato,
Caruanã ouviu um dos tans dizer:
“Os sacerdotes não poderão atuar sem a
pedra, pois ela dá poderes a este lugar. Antes, quando
a possuíamos, nossos antepassados diziam que Onarai
se abria e permitia que os Onaraitans fizessem oferendas.
Agora, sem o amuleto, Onarai se fechou para nós. Gratos
eternamente seremos a quem nos trouxer o amuleto, desde que
não seja um maztena.”
Isso soou bem para Caruanã,
pois se ele trouxesse a pedra de volta, a gratidão
faria as chances de os mundii se separarem serem reduzidas
a zero. Esse era um risco real, mas ignorado por seu pai e
avô. Mas ao mesmo tempo em que via vantagens em obter
o amuleto do Ancianato, ele passou a temer que outro poderia
encontrá-la e trazê-la de volta, e ganhar a devoção
e gratidão dos mundii. Como conseguiria tal pedra?
Com batalha? Mas não poderia contar com o auxílio
dos mundii se batalhasse com maztenas. Haveria outra maneira?
Talvez os sábios de além
das montanhas Andeias poderiam ajudar. E ajudaram.
Tais sábios nada mais eram
do que gananciosos mercadores levinotes, que viram a oportunidade
de lucrar com as intenções de Caruanã.
Eles lhe haviam dito que enviasse um dole com muito dinheiro,
pois obteriam o Amuleto do Ancianato, ou pedra Sácer,
mas precisariam de tempo e fariam uma arriscada manobra, e
isso custaria caro. Feitos os devidos acertos, os levinotes
calcularam datas e disseram o dia aproximado em que o dole
encarregado de fazer o pagamento deveria ser enviado por Caruanã
à tribo leste dos levinotes.
Caruanã estava impaciente! Foram muitos e longos os
dias de espera até chegar a data estabelecida para
o envio do seu representante até os levinotes, mas
ela já havia chegado. Ele já se fora e agora
Caruanã passava o tempo inquieto, movimentando-se de
um lado para outro, ansioso por ver o Amuleto do Ancianato
em suas mãos. Na manhã em que Meirol ia com
Greices até o Grande Líder dos maztenas, Caruanã
acordara cedo e estudava possibilidades, benefícios
e riscos de não ver a pedra sob seus cuidados. O assunto
todo, para Caruanã, já havia virado uma obsessão.
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